O Salar de Uyuni, localizado no sudoeste da Bolívia, perto da fronteira com o Chile e do deserto do Atacama, é o maior deserto de sal do mundo. São mais de 10.000 quilômetros quadrados. É uma imensidão branca que parece não ter fim!
Fazer um passeio pelo Salar inclui uma dose de aventura e – quase sempre – perrengue. Tudo isso por conta da remota localização da cidade de Uyuni, de onde parte a maioria dos passeios (há também a possibilidade de iniciar o passeio a partir da cidade de San Pedro de Atacama no Chile) e da falta de estrutura e de recursos da Bolívia.
Para se ter uma ideia, Uyuni fica a mais de 500km da capital La Paz. Para chegar até lá de carro, é necessário carro 4×4 e um tanto de paciência e coragem para encarar horas sacolejando pelas vias quase nunca asfaltadas da Bolívia. Por isso, chegar até de avião é uma boa escolha. E não se preocupe, não é um teco teco! Veja o post: Circulando pela Bolívia: qual é o melhor meio de transporte?
Se você já está pensando em desistir, calma. É que o visual é espetacular! Surreal, extraordinário são palavras que se aplicam muito bem à região. É, de fato, de deixar qualquer um de queixo caído. E, pode acreditar, as paisagens são tão sensacionais que compensam a aventura e os perrengues.
É claro que é possível se lançar num passeio mais sofisticado, com direito a hotéis luxuosos feitos de sal, como o Luna Salada ou os hotéis da rede Tayna. Porém, tenho que confessar que aventura pelo Salar de Uyuni e pelas Lagunas Coloradas fica mais completa e divertida se feita do jeito tradicional: cruzando regiões inóspitas e incrivelmente belas por 3 dias, em jipe 4×4 e dormindo em alojamentos coletivos. A pior parte, já adianto, é tomar banho com água gelada – ou ficar sem tomar banho, o resto é moleza. Como ninguém é de ferro, ficamos hospedados um dia no Hotel Luna Salada, para contrabalançar os perrengues kkkk. Mas isso é assunto para outro post…
Como funcionam os tours pelo Salar de Uyuni e Lagunas Coloradas?
Existem várias agências de turismo bolivianas que oferecem os mais variados tipos de tours.
O tour mais popular e procurado é o tour de 3 dias e 2 noites feito a bordo de veículo 4×4. Durante o período, o motorista guia os turistas pelas paisagens e conta um pouco da história da região. Os deslocamentos de carro são grandes e, por vezes, passa-se grande parte do tempo dentro do carro. Não há estrada e muito menos asfalto. Então, prepare-se: em determinados trajetos (não em todo) o carro sacoleja mesmo. O jeito é se distrair com o visual das janelas, sempre espetacular.
Há opções de tours privados, mas os mais comuns são os tours compartilhados. Nos carros, em geral, cabem 6 turistas, além do motorista. Os piores assentos são os dois últimos, que ficam no lugar do porta-malas. Para evitar brigas, fizemos um rodízio dos assentos.
Atenção: a menos que viaje em um grupo grande ou contrate um tour privado, você terá que dividir sua “aventura” com desconhecidos. Portanto, dedos cruzados para pegar “coleguinhas” legais, já que vocês estarão juntos durante três dias inteiros.
Por incrível que possa parecer, no nosso grupo havia um bebê. Isso mesmo. Uma bebezinha fofa de apenas 2 anos. Achei que íamos sofrer com os choros incessantes. Que nada! Ela se comportou extremamente bem e ainda posou para as fotos igual gente grande.
Os carros, em geral, possuem bom estado de conservação, mas é bom checar as referências da empresa contratada para não correr o risco de pegar um carro muito velho ou um motorista louco.
Quanto à bagagem, você pode carregar todos os pertences para o passeio. Eles são colocados no teto do carro, cobertos com uma lona. O conselho? Leve pouca bagagem e, se possível, vá de mochila, para ficar mais fácil de carregar. O primeiro alojamento onde ficamos era todo feito de sal. E o piso também era de sal. Quem tinha mala sofreu um pouco para empurrar…
Caso você tenha tempo, recomendo agendar um passeio pelo Salar de Uyuni no pôr do sol. É demais! Também ouvi que o passeio à noite para ver as estrelas no Salar é lindo. Esses dois passeios geralmente são privados.
Quando ir?
O passeio pelo Salar de Uyuni pode ser feito em qualquer época do ano.
Durante a temporada de chuvas, que ocorre de dezembro a março, o Salar fica inundado e, por isso, não se pode chegar a certos lugares, como a Isla Incahuasi e o vulcão Tunupa. Em compensação, a água no Salar cria um reflexo espetacular, em que não se pode distinguir o que é céu e o que é chão.
Já no inverno (junho e julho), faz muito muito frio. Viajamos no final de março e já pegamos bastante frio à noite. Só havia água em alguns pontos do Salar, mas foi possível ver o reflexo.
Qual empresa contratar?
Na rua principal de Uyuni, existe um sem número de agências de turismo, uma ao lado da outra. Ao caminhar por lá, você certamente será abordado por um monte de pessoas oferecendo tours e descontos.
Cuidado com a empresa que escolher e, principalmente, cuidado com os descontos excessivos! Preços baixos demais podem indicar empresa ruim, que não adota as precauções necessárias, e dor de cabeça depois. Ouvimos relatos de motoristas loucos que andam em velocidade excessiva e sem o cuidado necessário. Ouvimos também histórias de carros que se quebraram no meio do deserto e os turistas tiveram que pernoitar no deserto comendo o pão que o diabo amassou, sofrendo com o frio e fome.
Fizemos o passeio a convite da empresa Late Bolívia e ficamos bem satisfeitos. O passeio do Salar de Uyuni e Lagunas de 3 dias e 2 noites saiu por $170 dólares. No valor está incluído transporte compartilhado (6 passageiros), alimentação e hospedagem em albergues básicos com banheiros compartilhado.
Como são as hospedagens e as refeições?
Os alojamentos são, em geral, bem simples. Os albergues ficam praticamente em no meio do nada. As paredes externas não tem reboco e, a princípio, causam uma péssima impressão. Felizmente, a área dos albergues que ficamos era boas, principalmente arrumadas e limpas. Os quartos, banheiros e refeitórios são compartilhados, inclusive, com outras pessoas que também estão fazendo o mesmo tour por outras agências. Falando assim até pode parecer uma bagunça. No entanto, a coisa funciona direitinho e a experiência da troca cultural e de pernoitar num lugar dessa natureza é bem interessante.
No nosso caso, o primeiro alojamento havia a opção de quartos duplos e triplos. Ali também tinha água quente para o banho, paga a parte.
No segundo alojamento, o quarto era para 10 pessoas e não tinha água quente.
Nenhum dos dois alojamentos tinha calefação. Por isso, é bom levar ou alugar um saco de dormir para não passar frio. O saco de dormir também é bom para evitar de usar a roupa de cama que já era oferecida pelo alojamento. Sabe-se lá a última vez que ela foi lavada…
As refeições foram bem satisfatórias e gostosas. O café da manhã, almoço e jantar foram diferentes e diversificados em cada um dos dias. No café da manhã tinha pão, panqueca, granola, iogurte, ovo e bebidas quentes. No almoço e jantar sempre havia uma carne (carne vermelha ou frango), legumes, arroz ou quinoa.
O que levar? Anote as dicas!
– Devido à altitude, é possível sofrer de “soroche”, ou mal da altitude. Os sintomas mais comuns são dor de cabeça, nauseas e vômitos e tontura. Por garantia, tome bastante água, leve folhas de coca para mascar e compre as “soroche pills”, um remédio que pode ser comprado em qualquer farmácia boliviana, mesmo sem receita, e que minimiza ou evita os sintomas do “soroche”.
– Se você tem fome de leão, carregue consigo umas comidinhas. O passeio inclui apenas café da manhã, almoço e jantar. Barrinhas de proteínas, frutas e biscoitos são as melhores opções para comer entre os intervalos da refeições.
– Água sempre! Praticamente não há mercados ou lojas em nenhum dos pontos dos 3 dias de passeio, leve, pelo menos, 2 garrafas de 2 litros de água por pessoa.
– Leve papel higiênico e lenços umedecidos, são sempre necessários. Quase nenhum banheiro boliviano tem papel higiênico. E os lenços umedecidos quebram o maior galho na hora de tomar “ banho de gato”, porque ninguém merece tomar banho gelado no frio!
– Ao chegar no alojamento, corra e garanta uma tomada para carregar o celular ou a bateria da câmera fotográfica… todo mundo fica desesperado porque é muita coisa para carregar e pouca tomada disponível. Uma opção é levar na viagem baterias extras e carregadores portáteis.
– No deserto faz frio! Alugar um saco de dormir é essencial para quem não quer arriscar congelar nos alojamentos, nem quer se cobrir com os lençóis que são disponibilizados ( sabe-se lá quando foram lavados…)
– Se gostar de baralho, leve. Pode ser uma diversão bem animada para as noites nos alojamentos, já que por lá não tem TV, muito menos wifi.
– Para ficar bem nas fotos, abuse das roupas coloridas! 😉
* O Nós no Mundo viajou pelo Salar de Uyuni e Lagunas Coloradas a convite da empresa Late Bolivia.
8 respostas
Oi, Anna. Tudo bem? 🙂
Seu post foi selecionado para o #linkódromo, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Bóia – Natalie
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Oba!!! =)
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Oi Anna,
Obrigado por compartilhar esta experiência única.
Você poderia comentar um pouco sobre voos e transporte para chegar até Uyuni?
Para quem quer continuar a viagem para Atacama, é possível? Como?
Um abraço,
Emerson
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Olá!
Para ver mais dicas sobre voos de transportes na Bolívia, basta acessar esse post: https://www.nosnomundo.com.br/2016/07/circulando-p…
Para continuar a viagem até o Atacama, é só contratar alguma das empresas de turismo de Uyyuni que oferecem esse serviço ou optar pelo transporte local.
Bjs, Anna
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Essa viagem foi inesquecível!! só de ler o post dá saudades….
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Oi querida!!
Foi incrível mesmo!!! Muita saudade!! 🙂
Bjs, Anna
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Quero conhecer o Uyuni. Só conheço o Atacama e é incrível.
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Olá!
Vale a pena!! A região é incrível!!!
BJs, Anna
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