Cuba: alugue um apartamento e ganhe uma família!

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Se você estiver disposto a embarcar em uma experiência cultural única, abandone os caríssimos hotéis cubanos e hospede-se em uma das diversas casas particulares espalhadas pelo país.

Como a população cubana em geral tem baixos salários, o turismo crescente no país se tornou uma boa fonte de renda extra. É, por isso, que muitas famílias abrem as suas casas para receber estrangeiros.

Sites on-line de aluguel de apartamentos são coisa recente por lá. O Airbnb, conhecido site de aluguel de imóveis por temporada, somente chegou em Cuba neste ano de 2016. No entanto, a hospedagem de turistas em casas de família já ocorre há bem mais tempo. Tudo, é claro, de uma forma bem mais precária, até porque a maioria da população não dispõe de constante acesso à internet. O serviço é autorizado pelo governo e os moradores do imóvel têm, inclusive, que pagar um percentual para o governo por cada turista que recebem. Identificar as casas que oferecem esse tipo de serviço também é fácil. Basta procurar o símbolo azul que lembra uma espécie de olho incompleto afixado na parede do imóvel, chamado Arrendador Divisa.

Símbolo que identifica que o proprietário recebe turistas em sua casa

Na maioria das vezes, é possível alugar cômodos da casa, e não o imóvel inteiro. A grande vantagem é o contato mais próximo com os locais, o que permite conhecer mais a fundo a história, os costumes e a gastronomia cubana. Além disso, o preço é bem mais convidativo do que nos hotéis. Enquanto as diárias nos hotéis podem facilmente ultrapassar a marca de 100 euros, a hospedagem em uma casa particular custa em torno de 20 ou 25 CUC por pessoa (a conversão CUC -EURO era praticamente 1 para 1, no mês de abril de 2016 quando estivemos em Cuba), com café da manhã. Outro atrativo é que os locais costumam ser extremamente solícitos e não negam ajuda caso você queira visitar outras cidades, além da capital Havana. Eles, inclusive, indicam conhecidos em outras cidades que também alugam cômodos de suas casas e, no nosso caso, combinaram tudo para nossa hospedagem em Trinidad e até contrataram transporte para chegarmos em Trinidad e Varadero, o que foi uma mão na roda considerando que a maioria das pessoas que trabalham com turismo em Cuba o fazem de forma informal e não tem sites na internet com informações e preços dos serviços oferecidos.

Quando chegamos em Cuba, eles nos ajudaram a planejar toda a viagem. Deram dicas e efetuaram as reservas de transporte e hospedagem nas outras cidades que visitamos
Quando chegamos em Cuba, eles nos ajudaram a planejar toda a viagem. Deram dicas e efetuaram as reservas de transporte e hospedagem nas outras cidades que visitamos

A desvantagem de se hospedar em casa particular é ter que aprender a conviver com todos os limites que vive a população local, como, por exemplo, o racionamento de água. Por experiência própria, posso dizer que essa “desvantagem” acaba sendo um aprendizado para toda a vida…

A oferta de casas particulares para locação é abundante. Então, é fácil conseguir, mesmo na hora, alugar um cômodo. É só abordar algum local e dizer que tem interesse em alugar um quarto. Se ele não tiver um para alugar, certamente vai te indicar alguém que tenha. Nesta hipótese, peça para ver o quarto antes de fechar a locação, para não cair numa furada. Para evitar esse risco, a dica é alugar com antecedência de pessoas que já tenham referência.

Seguimos a dica de uma amiga e alugamos 2 quartos na casa onde vivem a senhora Elza, sua filha Maria del Carmen e seu neto Humberto. Eles moram em um apartamento de dois quartos e um banheiro no segundo andar de um edifício bem próximo ao Capitólio, quase na divisa entre Havana Vieja e Havana centro. A localização do apartamento é fantástica! Fazíamos tudo a pé. No entanto, como a maioria dos prédios em Cuba, o edifício não tem um visual dos mais convidativos. Parecia ter sobrevivido a uma guerra. As janelas da portaria estavam parcialmente quebradas, havia tapumes no lugar de alguns vidros e restos de construções na rua. Um prédio vizinho desmoronou, provalvamente por conta da falta de manutenção, e no lugar funcionava uma escolinha de boxe para crianças. Enfim, o cenário não parece, imediatamente, dos melhores. Confesso, inclusive, que fiquei assustada ao descer do carro e constatar que ficaremos hospedados ali. Porém, logo percebi que essa é a realidade cubana. Fora algumas poucas ruas que já foram reformadas pelo governo, as demais ostentam prédios velhos, literalmente caindo aos pedaços.

Nosso apartamento era o com as roupas estendidas na varanda
Nosso apartamento era aquele com as roupas estendidas na varanda
A rua do nosso apartamento em Havana
A rua do nosso apartamento em Havana
Rua vizinha ao nosso apartamento em Havana
Rua vizinha ao nosso apartamento em Havana

A senhora Elza normalmente somente aluga um dos quartos, que tem quatro camas de solteiro e ar condicionado. Contudo, como éramos cinco pessoas, Elza e sua família nos cederam os dois quartos e dormiram no sofá da sala. Ficamos com pena de ver uma senhora de seus 70 anos dormindo no sofá, mas ela, por cortesia, se recusou a dormir em um dos nossos quartos, apesar da nossa insistência. Os quartos eram simples, mas bem limpos.

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O banheiro de azulejo verde rosa, que deve ter sido luxuoso décadas atrás, era compartilhado por nós todos, ou seja, oito pessoas. Por isso, nada de banhos demorados e ou de ficar horas no banheiro. A quantidade de água que saia da torneira da pia ou do chuveiro variava, mas nunca era abundante. Às vezes, era somente um filete de água. Na hora do banho, era necessário pedir para a Sra. Elza ligar o aquecedor. Mesmo assim, a água que saia do chuveiro era no máximo morna, mas, na maioria das vezes, fria. Considerando o calor, não foi de todo ruim. Como vimos as dificuldades que a família da Sra. Elza passava, aprendemos a dar valor ao que tínhamos. Esforçávamos para tomar banho super rápido e com muita economia água, para que todos tivessem água. Me tocou o coração ver a Sra. Elza dando banho no neto na área de serviço usando apenas um balde, tudo para não nos atrapalhar com a utilização do banheiro.

Em compensação à falta de água, sobrava carinho e atenção. Se estivéssemos na Itália, poderíamos dizer que Elza seria uma autêntica “mamma”, sempre preocupada e muito atenciosa. Quando acordávamos ou chegávamos de um passeio, ela nos recebia com sorriso no rosto e um abraço carinhoso. Preparava o café da manhã com dedicação e até insistia, de forma afetuosa, para que comêssemos mais, como fazia a minha avó. Ela também fez questão de nos preparar um sobremesas típicas e, no domingo, nos convidou para participar de um autêntico almoço cubano de família, cujo prato foi tamales, a nossa pamonha, acompanhado de arroz e tomate, além é claro de rum, ou melhor, cuba libre. Foi delicioso! Casa cheia, histórias e muitas risadas. Sentimos como se fizéssemos parte da família. Terminamos o domingo com toda a família de Elza no Malecón, o calçadão em frente ao mar, um programa tipo o cubano. Comemos pipoca e mariquita (banana verde frita), tomamos mais rum e aproveitamos a vista para formar um puro, o tradicional charuto cubano.

A Sra. Elza e sua duas filhas preparando tamales para o nosso almoço de domingo
A Sra. Elza, sua filha Maria del Carmen e seu neto Humberto
Nós todos curtindo o fim de tarde no Malecón
Nós todos curtindo o fim de tarde no Malecón

 

Nos outros dias, aproveitamos a companhia da filha e do sobrinho de Elza e sairmos para dançar na Casa de la Musica de Centro Havana e curtir a noite na Fabrica de Arte Cubano. Eles também viraram nossos guias pelos passeios em Havana. Conversamos sobre os mais diversos assuntos e entendemos melhor como eles vivem, independentemente de qualquer ideologia.

Nos despedimos de Elza e sua família com sorrisos e lágrimas no rosto, e, principalmente, com a certeza de que voltaremos. Sem dúvida, foi uma experiência única!

Quem tiver interesse em se hospedar na casa da Sra. Elza, é só entrar em contato com eles pelo seguinte e-mail: elsamary1608@gmail.com

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